segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Documentário conta a história de Saint Laurent e Pierre Bergé

Primeira incursão do diretor francês Pierre Thoretton no longa-metragem, “O Louco Amor de Yves Saint Laurent” traz uma rara abordagem da relação entre o célebre costureiro e Pierre Bergé. Rara, pois quem narra a história é o próprio companheiro, que por 50 anos foi amante, sócio e preservador da obra e memória deste que é, sem dúvida, o maior nome da moda da segunda metade do século XX. "Eu nunca conheci um casal que ficou junto por 50 anos, atravessando altos e baixos. Isso para mim era simplesmente extraordinário", disse o diretor ao site WWD. "O amor deles era incondicional. Eu nunca vi nada parecido com ele e isso ainda me deixa louco".






Em tom bastante confessional, Bergé relembra desde seu primeiro jantar com Saint Laurent, em 1958, até a morte do estilista, em junho de 2008, aos 71 anos. A fita também reúne imagens pouco vistas, fruto de uma rigorosa seleção entre mais de 100 mil fotos e vídeos. Alguns deles eram até novidade para Bergé, como um granulado registro de Saint Laurent ao lado de Mick Jagger e Andy Warhol. “O resultado é magnífico. Eu estou muito, muito, muito feliz com esse filme”, declarou ele, com 80 anos, no lançamento. Entre uma confissão e outra, obtidas ao longo de seis entrevistas que levaram quatro meses para serem concluídas, o diretor mostra preparativos do leilão que Bergé programou em 2009, no Grand Palais de Paris, com as milionárias obras de arte dos dois.
O acervo incluía pinturas de Matisse, Mondrian e Picasso e arrecadou cerca de R$ 825 milhões. Bergé conta sobre os momentos mais gloriosos e tristes da relação: da felicidade diante da primeira coleção prêt-à-porter de Saint-Laurent, em 1966, à dependência das drogas a partir de 1975 e à depressão na década de 1980. Também fala sobre as falhas do estilista, como seu extremo egoísmo “a ponto de não cuidar de ninguém, nem dele mesmo” e sua elevada sensibilidade que fazia com que se deprimisse facilmente... Tudo, claro, sem julgamentos, já que “Saint Laurent era um artista” e os dois se amavam incondicionalmente.
"Voyeurismo não faz meu tipo, e eu não queria fazer um filme mostrando infelicidade para todos chorarem. Quis mostrar que é absolutamente possível ser movido pela felicidade e como é difícil conquistá-la, porque é isso que fica para mim desse trabalho. A maneira como ambos trabalharam na história de amor deles é emocionante”, comenta o diretor. Marcado por uma trilha sonora instrumental bastante melancólica, o filme repassa a importância de YSL para a história da moda e revela sua instável personalidade nas palavras de quem o acompanhou de muito perto. Por isso relembramos,  esta grande perda, resgatando algumas das declarações de amor mais bonitas de amigos e profissionais que passaram pela vida deste grande costureiro, feitas após sua morte:

"Chanel deu liberdade às mulheres. Yves Saint Laurent lhes deu poder”, disse Pierre Bergé
“Antes de ser um estilista, Saint Laurent era um artista. Amava o que fazia e se inspirava como poucos, arriscando sem medo de errar”, afirmou a modelo brasileira Dalma Callado
"Saint Laurent foi um dos melhores estilistas, um dos poucos que alcançava a perfeição em cada coisa que tocava", declarou a estilista britânica Vivienne Westwood
"Chanel, Schiaparelli, Balenciaga e Dior fizeram coisas extraordinárias. Mas trabalharam com um estilo particular", disse Christian Lacroix. "Saint Laurent é muito mais versátil, como uma combinação de todos eles"
"Eu quero lembrá-lo não só como o maior estilista de sua época como também como era há 20 anos, quando o visitei em sua casa de Marrakesh", disse por sua parte Giorgio Armani
"Lamentamos não o ter conhecido pessoalmente, nós que aprendemos tanto com ele, que nos inspirou tantas vezes, milhões de vezes", reconheceram os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana
“Saint Laurent desafiou as regras da moda inventando novamente a elegância francesa. Seu falecimento deixa um enorme vazio e também uma herança sublima", lamentou o grupo Gucci
"Antes de tudo, ele entendeu quem era a nova mulher. Desenhou calças muito confortáveis para as mulheres que trabalham, mas ao mesmo tempo sofisticadas. Muito funcionais mas também elegantes", acrescentou a estilista japonesa Hanae Mori.
"Yves Saint Laurent transformou tudo a serviço da paixão, para que a mulher brilhe e libere sua beleza e mistério", afirmou François Pinault .



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